Sabe aquelas madrugadas em que você está apenas convertendo oxigênio em gás carbônico e de repente seu primo surge, chamando você para ir comer um sanduíche? Então, foi assim que esse diálogo começou.
Ele estava esquentando a carne para nossa janta, ou boquinha da madrugada, quando notei as, várias, garrafas de Heineken na pia.
– Bebeu bastante hoje hein. – comentei.
– Não, nem é tudo de hoje isso. – ele respondeu, sem tirar os olhos da panela.
– Ainda assim, você as comprou na segunda.
– E?
– E já é quarta. Ignoremos que já passa da meia-noite, só será quinta-feira quando eu dormir e acordar.
– Certo, mas ainda assim nem é tanta. E é preciso rever até os gastos... – ele olhou pra mim, quase sério.
– Como?
– É. Tipo, não será uma conta exata por que essa não é minha área.
– É justo, continue.
– Cada cerveja saiu a quase três reais e eu comprei vinte e uma garrafas. Dando uma média de sete garrafas por dia. E isso dá duzentas e dez garrafas por mês. Um gasto de uns seiscentos reais por mês.
– Mas você não tomou todas sozinho. Nem comprou todas sozinho.
– Sim, veio gente aí e tomou comigo. Abate um terço da conta. Uns quinhentos reais por mês. Sabe o que isso significa?
– Que você é mais ou menos em contabilidade?
– Não, que eu preciso começar a ganhar mais.
– É verdade – eu ri
– E sabe qual é o pior?
– Não, o que?
– A cerveja está vencida há alguns dias e o filha-da-mãe não fez nem desconto!
Moral da história: É preciso de mais dinheiro para continuar a bagunça, por que esse é o tipo de coisa que faz com que pensemos em números. E que Heineken vencida precisa ter desconto!